quarta-feira, 15 de abril de 2009

Fotopoetisa


Insisto em dizer que não fotografo
apenas converto em imagem
um pouco da minha poesia.
Minha fotografia nasceu do amor
e para o amor retornará
em cor, luz ou escalas de cinza

Um dia, diante da imagem de meu alvo passional
postei fotoemas
onde pública e empaticamente
me dispus a viver
um instante ainda mais "decisivo"

O exercício me comoveu
e apontou meus olhos para outro destino
Onde havia o nanquim, há a luz em minha grafia
a visão das entrelinhas...

Talvez minha natureza rústico-poética
de quem mal sabe a diferença entre o obturador
e uma janela que se abre e que se fecha
me faça bem melhor compreender
porque uns fotografam pombos
outros armas
paisagens ou escombros

Eu prefiro não julgar o que vejo
entre “o óbvio e o obtuso”
- admitir que ainda tenho Síndrome de Sthendal -
e não buscar entender o que é por demais subjetivo
continuar fotopoetisando ou imagescrevendo, só

E com pretensões ainda maiores que as paredes das bienais
me dependurar sobre a inabitada galeria onírica
dos homens

Para que talvez lhes desperte
menos pela imagem
mais pela força da minha impressão.

Tina Andrade
manhã de abril, 2009

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